segunda-feira, 23 de maio de 2011

“Minha Viagem + que Titã” Com Fabricio Ferreira

Quando fui intimado por esse blogueiro para relatar alguma de minhas viagens, logo pensei, qual viagem foi a que mais me marcou? Qual viagem foi a inesquecível? Qual viagem teve histórias hilárias e de certo modo até macabras? Qual viagem repetiria sem vacilar? Sinceramente não encontrei respostas para nenhuma dessas e de muitas outras perguntas que fiz no momento, pois cada viagem é especial, com histórias, momentos e pessoas únicas. Com isso resolvi ir pelo obvio, tentar descrever a viagem que fiz junto com o próprio blogueiro. Porque digo tentar descrever? Porque é impossível transformar em palavras os momentos, sentimentos e vivencias que passamos em 32 dias que viajamos por toda Argentina e pelo sul chileno, sem contar que eu tenho a deficiência do verbo resumir, condensar, sintetizar. Quando começo a escrever, esqueço a colocação de tempo e tamanho, e literalmente viajo, que por sinal acaba cansando todo mundo de ler. Chega de conversa e vamos ao que interessa, agora convido vocês, caros leitores desse fantástico blog, (não podia perder a oportunidade de fazer um certo charme né?) para entrar no túnel do tempo e viajar comigo através desse relato.

Um breve resumo do antes da viagem para entender a situação:

Setembro de 2008. Em uma ida casual à Cuiabá, acabei conhecendo o João Ricardo em um aniversário de amigos em comum, estávamos na mesma mesa e começamos a falar de viagens e quando respondi que tinha acabado de chegar de um mochilão pela Bolívia, Chile e Peru de 42 dias e contei um pouco sobre a viagem, logo a conversa se concentrou entre eu e o João Ricardo. Após esse dia conversamos algumas vezes por MSN, porém nunca chegamos a se encontrar em Cuiabá de novo ou ter um contato maior.

Novembro de 2008. Faltava apenas 15 dias para acabar o mês e chega em minha mesa no trabalho o aviso que teria que sair de férias em Dezembro e não poderia adiar, por causa de questões trabalhistas. Pensei e questionei. E agora o que fazer? Lascou geral. Sempre procurei ter pelo menos 1 mês de antecedência para planejar toda viagem, escolher roteiros, passeios, custos tudo para aumentar os dias viajando e diminuir o gasto. No momento fiquei put* da vida, porque já estava planejando uma viagem à Oceania em março, mas como não adianta reclamar e só nos resta adaptar com a situação, naquele mesmo momento tive a certeza. Argentina ai vou eu. A partir daquele momento foi uma correria atrás de informações, dicas e relatos para onde ir, o que fazer, enfim todo meu planejamento básico. Já faltava uns 10 dias para viajar quando me lembrei das conversas com o João Ricardo que me disse que tinha vontade de fazer um mochilão, rapidamente já lhe escrevi um simples recado, mas que surgiu efeito imediato: João estou indo mochilar na Argentina daqui 10 dias, se você quiser ir entra em contato comigo, já estou quase terminando o planejamento, pois eu decidi viajar 5 dias atrás.

Dezembro de 2008. Em 10 dias tudo resolvido e no sábado dia 29 novembro de 2008 encontro o JR pela segunda vez na vida, mas dessa vez foi dentro de um ônibus na rodoviária de Rondonópolis, com destino a Foz de Iguaçu, nossa porta de entrada em terras argentinas. Nos primeiros cinco minutos dentro do ônibus eu olhava para o lado e via lágrimas saindo dos olhos do JR e eu pensando: Senhor Deus meu, porque carga d’água fui chamar ele para viajar, mal saiu da cidade e já está chorando com saudades. Passou umas 2 horas eu não aguentei e tive que perguntar: JR porque você está chorando? Não é choro não Fabrício é que tenho alergia nos olhos, ai hoje está um pouco irritado e sai lágrimas quando isso acontece. UFA!!!! Que alívio, porque já estava disposto a falar, meu se tú está chorando nos primeiros 100 km, imagina quando estivermos há 7 mil km e vinte dias longe de casa é melhor você voltar. Após resolvido o “problema” a viagem não poderia ser melhor, fomos contando piada e jogando baralho com um senhor que fizemos amizade por um longo trecho. No dia seguinte estávamos na fronteira e por volta das 10 horas estávamos pisando pela primeira vez na Argentina.

Fronteira. Após a burocracia da fronteira fomos para Puerto Iguacu, visitamos as Cataratas pelo lado argentino (preço mais acessível) e a tarde, após um longo processo de negociação, conseguimos embarcar em um luxuoso ônibus para Buenos Aires com o preço de um ônibus simples. Tinhamos andando umas 4 horas quando o ônibus parou em um controle policial. Todos com passaportes em mãos apresentando-o e sendo liberados, apenas um dia de rotina para os policiais, mas que não seria um dia normal para nosso amigo JR. Ele todo sorridente, pensando na viagem que estava apenas começando veio seu primeiro perrengue de mochileiro. O Guarda lhe convidou a descer do ônibus, pois o carimbo em seu passaporte estava errado, na fronteira ao invés de carimbar entrada para 90 dias como no meu, carimbou entrada permitida por apenas 100 km e 72 horas no país e estávamos a mais de 500 km da fronteira. Após uns 40 minutos de espera, todo ônibus esperando nosso amigo JR ser liberado, finalmente encontro ele em uma sala no posto policial tentando explicar o que fazia no Brasil, porque estava na Argentina, aonde iria, enfim, um verdadeiro interrogatório, mas a melhor parte foi assistir de camarote ele tentando explicar para o guarda que trabalhava em uma loja que vende botina. Foi o extase do extase. Após tudo resolvido e com uma multa de 100 doláres para pagar em Buenos Aires, seguimos viagem, com direito a palmas e vivas ao o JR entrar no ônibus novamente.

O Início. O JR foi batizado com o primeiro perrengue logo no inicio da viagem com os policiais, já podia dizer que era um mochileiro. Chegamos em Buenos Aires e fomos direto para casa de um contato que consegui através do “couchsurfing – site para compartilhar hospedagem grátis ao redor do mundo”, lugar para hospedar já tínhamos. Ficamos três dias na cidade passeando por museus, suas ruas, shoppings, pontos turísticos como a Casa Rosada, estádio do Boca Juniors, que inclusive assistimos um jogo na faixa, pedimos com todo jeito para o guarda que só queríamos tirar umas fotos para uma matéria em uma revista brasileira e ele nos liberou a entrada, até para o cemitério acabamos indo (antes que pensem se foi para fazer algum despacho, posso lhe garantir que é um local turisco) e um dia em Ciudad del Tigre, uma charmosa cidadezinha a poucos KM de Buenos Aires no delta do Rio Prata. Seguimos para Mar del Plata, novamente ficamos na casa de pessoas associadas ao couchsurfing, dessa vez era na casa de três alemãs que estavam morando na Argentina, em um amplo apartamento a beira-mar, simplesmente perfeito. Não posso esquecer de contar que no dia seguinte ela deixou pães, bolinhos, empanadas, para nós comermos, por pura caridade, e nós vendo um salame muito pequeno na geladeira pegamos e comemos tudo, poucas horas depois passamos por um supermercado e nos deparamos com o mesmo salame ao incrível preço em reais de aproximadamente R$ 60,00 que tínhamos devorado em poucos minutos.

O Trajeto. Para resumir de forma simples e direta nossa viagem pela Argentina e sul do Chile foi da seguinte maneira. Após Mar del Plata, seguimos para Península Valdez, fizemos um passeio junto com as baleias, pinguins e leões marinhos, inesquecível. Fomos para Calafate (visitar o glaciar Perito Moreno), Él Chatén (capital de trekking na Argentina), Puerto Natales e Punta Arenas (ambas no Chile, onde é localizado o parque Torres del Paine), Ushuaia (Fin del Mundo), Comodoro Rivadavia, Rio Grande, Bariloche e região dos sete lagos, Mendoza e novamente em Foz. De Foz o JR voltou para Cuiabá e eu segui para Curitiba, interior de SP e MG e 8 dias depois estava em casa, chegando no dia 5 de janeiro, uma segunda-feira direto da rodoviária para o trabalho, bem atrasado é claro.

Curiosidades. Houve muito acontecimentos nessa viagem todos eles inesquecíveis. Posso tentar citar alguns. Em Bariloche cobravam 20 pesos por pessoa para subir e descer o Cerro Campanário de teleférico, o que fizemos? Subimos escalando por uma trilha durante 30 minutos e na hora de voltar entramos na fila, ao perguntar sobre nosso bilhete de volta, fiz que não estava entendo e comecei a procurar na mochila lotada de coisas, para não enrolar a fila, o guarda falou, desce logo, desce logo. Em Torres del Painne após 2 dias de trilha a barraca furou e entrou água geladíssima, passamos a noite sentados e para completar no dia seguinte amanheceu nevando, só lembro do JR dizendo enquanto estávamos fazendo o trekking que nunca mais queria andar na vida dele, o cara mole.

Após essa viagem, até hoje ainda não conseguimos viajar juntos novamente, ficou a lembrança, as risadas, as histórias e os momentos, que esses por sinais são muitos, momentos de alegria, momentos de preocupação, momentos de aflição, momentos de emoção, momentos de uma vida, momentos que somente uma viagem pode escrever.

 

DSC03223

               Em Buenos Ares, despedindo dos nossos anfitriões.

 DSC03396             Em Mar del Prata despedindo das nossas amigas alemãs rsrs…

 DSC04572           Em Bariloche, descendo da Cerro Campanario. 

eu e fab               Na cidade de El Calafate, vista para o Perito Moreno

DSC04047              Na cabana em Torres del Paine, antes da chuva e da nevasca

2 comentários:

  1. Ebaa, JR acatou minha sugetão!! Estava faltando a participação do nosso mochileiro-mor aqui mesmo! rs
    Adorei o relato, deu pra imaginar o tanto que se divertiram. Fabrício escreve muito bem!
    E só pra constar: Agora é minha vez de dizer "já vi esse texto antes" heheh.

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  2. Quando eu crescer eu quero ser igual ao Fabricio, mas na versão feminina kkkkkkk zueira.
    Muitooo bom, dá para ter inveja saudavel :D

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